Querem uma confissão? Eu tenho pavor de metas aleatórias e infundadas no início do ano. Geram frustração, naturalizam o hábito de não alcançar objetivos e acabam fazendo mal para a autoestima. Por outro lado, vejo que metas bem pensadas fazem um bem imensurável.
Ao menos para mim, entendo como um momento de parar. Parar e refletir sobre a vida que quero levar, quais são os planos para o meu negócio, como isso se conecta com a rotina e sonhos que tenho. É uma época de ajuste de rota como um todo, tanto no lado pessoal quanto no profissional.
Quando chega a hora de embarcar neste ritual, o meu primeiro passo é sempre definir o grande tema do ano. Por exemplo, vou para 2025 com uma diretriz clara, que precisa estar alinhada com qualquer outro plano que eu tenha, e no meu caso, o ponto central de 2025 será: perceber em mim a predominância da sensação de estar descansada.
Desde que me tornei planejadora financeira, já tive fases de ter como foco conhecer gente, outros momentos em que o objetivo era capacitação e fases em que a única meta era financeira. Desta vez vou fugir um pouco do óbvio, eu diria, para tomar um cuidado especial com o rumo que minha carreira toma. É que eu tenho uma tendência grande de me enfiar no trabalho. Eu gosto do que faço e é muito fácil me perder neste lugar. E agora, vivendo meu primeiro ano de carreira-solo, sinto que este será um ponto para eu dedicar uma atenção especial.
Mas essa não é a única meta profissional que me interessa, claro. Eu também tenho uma meta de faturamento (afinal de contas, tenho boletos e sonhos pra realizar) e planos relacionados ao meu posicionamento e capacitação (que num futuro de médio prazo podem vir a impactar o valor médio que consigo cobrar pelo meu trabalho). O ponto é que estas precisam conversar com a primeira.
No meu caso, eu tenho clareza de que - para alcançar o faturamento que desejo - preciso realizar no mínimo 45 reuniões remuneradas de consultoria por mês, respeitando o meu ticket médio. Além disso, quando o assunto é capacitação e posicionamento, tenho alguns cursos que estão no meu radar, sem falar em algumas viagens e encontros com pessoas que admiro.
Este norte me faz avançar para uma etapa bem interessante que é o meu desenho template de agenda. Cada um dos meus objetivos se desdobra em ações que precisam acontecer, em sua maioria, semanalmente. Daí a ideia é distribuir essas ações dentro do meu tempo disponível para trabalho. Eu encaro quase como um quebra cabeça, e o desafio é: como encaixar da melhor forma as reuniões, estudos, bate-papos iniciais, assuntos burocráticos, contato com clientes, cafés com colegas, de uma maneira que eu ocupe somente 36 horas por semana (tempo este que decidi que é o que quero me dedicar ao trabalho).
Foram vários experimentos, até que cheguei a um novo desenho de agenda a ser testado. Sendo super super super honesta, o meu plano inicial envolvia fazer algumas reuniões a mais (por volta de 52 por mês) e voltar para as aulas de inglês, mas quando parti pra etapa de colocar tudo no papel, entendi que algumas coisas precisariam ser cortadas. E já estou fazendo um MBA em Gestão de Negócios pela USP, tenho os encontros quinzenais de supervisão da Nossa, além de considerar importante ter tempo para fazer um ou outro curso de menor duração sobre assuntos específicos (por exemplo: atualmente estou fazendo o curso Planejamento de Vendas e Abastecimento na Moda, da Marília Carvalhinha). E por mais que eu quisesse muito voltar a melhorar o meu inglês, acredito que este geraria um impacto menor na minha carreira do que aqueles que permaneceram na agenda, mas segue no radar, só não será agora em 2025.
Estabelecer metas é, em especial, trazer clareza para aquilo que a gente vai precisar dizer “não”, ou pelo menos um “agora não”.
Veja, o interessante desta forma de pensar é que não foram números e objetivos aleatórios escolhidos. Existe clareza do que mais me importa hoje, do que é possível, do que precisa ser feito pra fazer acontecer, e existe ainda uma forma de “medir” se estou fazendo o que eu combinei comigo mesma que faria. Em meu caso, os indicadores que eu preciso acompanhar são:
- Estou desligando o computador na hora combinada?
- Fiz as 45 reuniões?
- Fiz os movimentos de prospecção e relacionamento a que me propus?
- Estou em dia com as aulas e cursos que escolhi fazer?
São perguntas simples de serem respondidas ao final de cada semana/mês, e ter o hábito de respondê-las ao longo do ano me coloca em contato com aquilo que eu entendi que seria minha prioridade.
E eu sei que tem gente que vai ler esse texto e pensar: “mas caramba, a vida não é rígida assim, coisas saem do controle”. E acredite: eu sei. Sei até demais. É por isso que nenhum planejamento está cravado em pedra.
Hoje, inicinho de janeiro, essas metas estão completamente alinhadas com as minhas prioridades e possibilidades. Mas se algo, por algum motivo, mexe nesses pontos, uma boa dose de flexibilidade precisa ser considerada para fazer os ajustes devidos.
Afinal, de que adiantariam metas que não refletem aquilo que é a nossa prioridade atual? E a gente não precisa esperar a virada de ano para fazer essa reflexão. A lógica de ter uma data pra esse ritual é só uma: não passar tempo demais sem parar para pensar sobre o que é essencial.
Dito isso, inicio 2025 com muita vontade de fazer acontecer e muito gás para ajudar outros autônomos e pequenos negócios a traçarem os seus próprios objetivos e meios de agir. Aqui neste texto eu contei um pouco de como se dá - também - o processo de consultoria, de onde sempre partimos da vida que acontece por trás do trabalho para entender como este vai acontecer. Saiba que de cá as portas estão abertas para pensarmos a melhor forma de construir os seus planos, de um jeito bem personalizado e pensado para o seu contexto.