Pode ter sido só uma coincidência, mas ao longo do mês de maio tive muitas conversas sobre contratação de assistente pessoal com clientes, sendo estes com empresas de diversos ramos. Médicas, arquitetas, psicólogas, fotógrafas, chefes de cozinha, nutricionistas e por aí vai... Todo mundo querendo trazer pra dentro do negócio alguém para “resolver todos as buchas que aparecem pipocando no WhatsApp, ou aquela burocraciazinha chata”.
Empreendedores sobrecarregados não veem a hora – e com razão – de se verem liberados de algumas funções.
Eu costumo ser uma grande defensora dessa contratação, mas tudo nessa vida tem a hora, o como e o motivo certo para acontecerem.
Costuma ser maravilhoso ter uma pessoa para lidar com funções mais operacionais do negócio e que libere espaço de tempo e de mente para a empreendedora focar no que mais importa.
E quem já trocou meia dúzia de palavras sobre esse assunto comigo, sabe que eu sou absolutamente encantada com a forma como a minha assistente Fabi me apoia no meu negócio: ela realiza os agendamentos e remarcações, emissão de contratos e notas fiscais, cobranças, e tudo flui de uma forma bastante organizada. Vez ou outra ela me consulta para casos mais específicos, mas em geral consegue cuidar bem dessa parte sozinha.
Mas é claro que para isso funcionar existiu uma etapa anterior à contratação dela. Um passo essencial, e que tem muita gente que ignora: a criação de um processo estruturado para ela seguir, sem precisar ficar me chamando o tempo todo para tirar dúvidas.
Com isso, o grosso da nossa comunicação acontece de forma assíncrona, para ela poder prestar o serviço no momento em que pensou em realizar, e para eu poder fazer minhas coisas de cá sem ser interrompida com frequência. Delegando essas tarefas eu economizo algo próximo de 6 horas semanais, o que me libera espaço para atender mais clientes ou trabalhar em áreas do meu negócio em que ter o meu olhar diretamente será mais importante.
Já boa parte dos clientes com quem conversei no último mês acham que tudo se resolverá apenas com a contratação de uma assistente. Porém, não é responsabilidade dela estruturar os processos. Muito pelo contrário: para conseguir entregar um bom trabalho é importante que ela receba isso pronto – ou que ao menos seja algo construído juntos, mas nunca sem a participação da empreendedora.
E me arrisco a trazer um outro palpite sobre esses clientes: dos que falaram comigo, pelo menos metade se daria conta que ainda não é hora de contratar alguém quando começasse a estruturar o que seria possível delegar . Ter rotina e processos claros economiza tempo e em muitos casos nos faz notar que a gente não está tããããão sem-tempo-e-sobrecarregado assim. Só faltava organização. E não tem assistente pessoal que resolva esse aspecto da vida.
Vejo ainda que, mais do que um movimento antecipado, é em alguns casos só uma decisão errada. Do mesmo jeito que é a pauta quero ter meu espaço físico, o caso da assistente também é emblemático. Existe um quê de símbolo de status aí na jogada e é algo que a gente precisa tomar um cuidado imenso para não cair.
Será que os desafios que hoje você atravessa seriam resolvidos com uma assistente pessoal? Será que isso não é fuga para lidar com os problemas de verdade, como uma necessidade de ajuste de preço, uma vida mais organizada ou até mesmo um aprofundamento da entrega técnica junto ao seu cliente?
Em outros casos, noto ainda que essa escolha pode ser motivada por um “mas é o que todo mundo faz”, e direcionar o caminho para essa contratação é quase um pedido de pertencimento e reconhecimento. Tomar decisões como essa sem ter clareza de qual é o seu desafio de verdade pode te levar para um lugar de gastos a mais que não impulsionam o seu negócio para uma realidade financeira melhor. Muito pelo contrário. Vira só mais uma conta pra pagar, sem nenhum tipo de estratégia de crescimento.
Antes de decisões mais importantes é crucial a gente ter em mente qual é o problema que a gente está buscando resolver, e mais do que isso, se é este o problema que a gente deveria estar tentando resolver agora.
Texto e questionamento impecáveis e vale dar visibilidade a ele, porque este tipo de situação realmente é raro, mas acontece sempre.
Lore, esse texto caiu como uma luva no que tenho vivido com a minha comunicação. Há quase 4 anos sempre tive pessoas para me auxiliar (porque era mesmo difícil e desgastante cuidar desse processo sozinha). Mas, conforme fui amadurecendo (junto com) meu negócio, mais e mais foi ficando nítido que sempre foi tão pesado, porque sempre fiz de um jeito que não me cabe, que não é a minha cara. Abri mão - desse tipo de comunicação e do auxílio. Há tempos não me sinto com tanto espaço (metal e temporal) para me dedicar às trocas :)